sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

MINHA ESPOSA É UM ZUMBI - REVISTA ZINGU

Minha Esposa é um Zumbi
Direção: Joel Caetano
Brasil, 2006.

Por Gabriel Carneiro

Primeiro filme de sucesso de Joel Caetano, patrulheiro do cinema de baixíssimo orçamento na capital paulista, que, com seus fiéis companheiros Mariana Zani e Danilo Baia, fez uma escrachada e engraçadíssima comédia, com elementos do cinema de horror. Minha Esposa é um Zumbi narra a história de um homem que passa por período difícil com a mulher devido à impotência sexual. Ao escutar, no laboratório onde trabalha como faz-tudo, que um doutor está testando um comprimido que levanta até defunto, ele rouba o comprimido – só não esperava que o ‘levantar até defunto’ fosse literal: o remédio era para trazer os mortos à vida.

De maneira inventiva, Joel Caetano – que além da direção, assina como produtor, roteirista, ator principal (ele é o impotente), editor e mais um bocado de coisas – elabora uma trama simples, carregada de humor, que, vendo-se nos limites dos recursos, apela para ótima qualidade técnica dos produtores e para atuações e situações exageradas. Dentro do problema estético que pode surgir, devido à baixa qualidade de imagem, a inventividade do roteiro se sobrepõe: bem caracterizado, e rechaçado para o lado cômico,
Minha Esposa é um Zumbi encontra no duplo sentido, na gag sexual, seus grandes momentos.

Há uma brincadeira muito bem delineada com a impotência sexual. No filme, não surge como mera gozação, é apenas um mote para escancarar a produção, com o surgimento de uma zumbi maníaca por carne – e que tem seus efeitos reversos. Nisso, aparecem diversas possibilidades de brincar com o estereótipo e com a emulação do gênero filmes de zumbi – o final reserva duas grandes viradas, com ótimo timing.

Crescido nos anos 80, com toda herança cultural de deboche e de filmes de zumbi que tinham, Joel Caetano emula muito em seu trabalho o longa-metragem Minha Mãe é um Lobisomem (que confessou não ter assistido), de Michael Fischa, em especial na narrativa. Parece que, dentro dos paradigmas do longa de Fischa, o cineasta reinventou-se e inseriu suas próprias referências e criatividade – quase como se o longa fosse um esboço para Joel fazer o que quisesse. A antropofagia desses filmes que hoje são considerados trash dá matéria à comédia “trash” que hoje faz.

O principal problema do filme é quando Caetano quer englobar o máximo de referências e habilidades possíveis: num momento do filme, o desenho animado toma conta, um recurso desnecessário – como se estivesse lá, pois não havia recursos para fazer a cena ou para mostrar a diversidade da produção.

Ainda assim, as qualidades de
Minha Esposa é um Zumbi insuflam qualquer problema que o filme pode aparentar ter e sinaliza o futuro de um promissor cineasta – principalmente se tiver completo domínio de sua produção.


LINK DA MATÉRIA NA REVISTA ZINGU - Dossiê Cinema de Bordas 2: Minha Esposa é um Zumbi

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