sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

JUNHO SANGRENTO - REVISTA ZINGU

Junho Sangrento
Direção: Joel Caetano
Brasil, 2007.

Por Sergio Andrade

O chamado cinema de bordas, aquele tipo de cinema feito de forma independente, com poucos recursos, realizado entre amigos, não significa que seja cinema ruim ou mal feito.

Os cultores desse tipo de cinema conhecem muito bem os códigos do cinema de gênero, e dessa forma podem dar asas à imaginação, homenageando seus filmes preferidos.

O paulista Joel Caetano tem se revelado um dos melhores realizadores dessa nova tendência cinematográfica.

Formado em Rádio e TV, com pós-graduação em Comunicação Organizacional, ele fundou em 2001, junto com os amigos de faculdade Mariana Zani e Danilo Baia, a Recurso Zero Produções, que já realizou diversos curtas, dentre os quais
Minha Esposa é um Zumbi, excelente sátira ao gênero elevado à categoria de arte por George A. Romero

Junho Sangrento é uma homenagem ao cinemagrindhouse, inclusive com o acréscimo de dois trailers falsos antes da atração principal: Jogando com Espíritos, em que adolescentes se dão mal ao brincar com o sobrenatural, e Carne Mutante Zumbi do Espaço, mistura de Alien com A Bolha Assassina.

Junho Sangrento remete aos filmes de assassinos em série que atacam em datas comemorativas, comoNatal Sangrento e Dia dos Namorados Macabro - mas desta vez, a data é tipicamente nossa, pois a ação acontece na época de festa junina.

Tudo começa quando dois caras jogam lixo tóxico no rio de uma cidade do interior, em junho de 1977. Um casal de amantes planeja o assassinato do marido da moça quando descobrem que estão sendo observados por um rapaz com problemas mentais. Eles torturam o rapaz, jogando-o na fogueira e ele, com as roupas em chamas, se joga no rio...

30 anos depois um grupo de jovens amigos se perde no local e são convencidos pelo casal a pernoitar por ali, justamente na noite de festa junina. É quando o rapaz que caiu no rio ressurge para provocar a matança.

O tom utilizado aqui é bem mais sério do que no filme anterior. As interpretações são bem melhores do que se espera de um elenco amador, inclusive Joel Caetano e Mariana Zani são bons atores característicos. Os efeitos especiais são artesanais mais funcionam a contento - com toques bem interessantes, típicos de quem conhece muito bem o terreno em que está pisando. Por exemplo: lá pelas tantas, num momento de tensão máxima, o “filme” quebra no projetor e o fotograma pega fogo, e em seguida aparece um cartaz: “Bobina faltando. Desculpem o inconveniente. A Direção”.

Junho Sangrento não é tão bom, ou tão marcante, quanto Minha Esposa é um Zumbi, mas deixa claro o talento de Joel Caetano e sua equipe, tendo ganho o prêmio de Júri popular do Festival de Cinema Fantástico de Ilha Comprida em 2007.

E vejam até acabarem os créditos finais, para outra surpresa

LINK DA MATÉRIA NA REVISTA ZINGU - Dossiê Cinema de Bordas 2: Junho Sangrento


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