terça-feira, 13 de abril de 2010

RELEASE DO CINEMA DE BORDAS


Cinema de Bordas volta, com obras de brasileiros anônimos que improvisam para fazer filmes

De 20 a 25 de abril, o Itaú Cultural apresenta a segunda edição da mostra Cinema de Bordas, que no ano passado atraiu mais de 800 pessoas. Trata-se de 13 filmes inéditos, realizados por anônimos de todo o país apaixonados por cinema. Sem orçamento, nem técnica e com equipamento rudimentar, eles contam com vizinhos, parentes e amigos para realizar o sonho de fazer filmes. Desta vez o ciclo, que volta a ter a curadoria de Bernadette Lyra, doutora em cinema pela Escola de Comunicações e Artes (ECA-USP) e de Gelson Santana, doutor e mestre em Ciências da Comunicação, também da ECA, conta com a presença de três destes diretores para um bate papo em que irão discutir com o publico o desafio de fazer cinema ainda que sem qualquer recurso financeiro.

Um deles é Rodrigo Aragão, capixaba da pequena aldeia de pescadores de Perocão, da cidade de Guarapari no Espírito Santo. Outro, é o paulista Joel Caetano. O terceiro é uma mulher, a também paulistana Liz Marins. Os dois diretores, que também apresentaram filmes na edição passada, costumam trabalhar com a mesma equipe e assinam filmes de terror com muito sangue e muitos sustos.

Neste ano, Aragão mostra seu curta-metragem Chupa Cabra - na edição passada ele havia apresentado o longa-metragem Mangue Negro, sobre zumbis canibais. Chupa Cabras, filmado em 2005, foi a primeira experiência mais séria de Rodrigo como diretor e serviu de inspiração para seu próximo longa metragem que está sendo gravado e deve estrear no começo do ano que vem. "Com a mostra no Itaú Cultural, muita gente descobre que é possível fazer muito com pouco, e acabam colocando a mão na massa também. Estou muito animado porque desta vez poderei acompanhar tudo de perto. É uma oportunidade única de conhecer pérolas das bordas", comenta.

Com 32 anos, Caetano já dirigiu 11 filmes e fundou, com a sua esposa-produtora-atriz e um amigo-ator-diretor de fotografia, a Recurso Zero Produções. Inspirado pelos filmes de Sessão da Tarde exibidos na televisão dos anos 80 e a estética dos quadrinhos, ele apresenta o filme de terror Gato - no ano passado, havia apresentado O Assassinato da Mulher Mental. "Com os conhecimentos adquiridos nos filmes anteriores, acredito que conseguimos um salto um pouco maior em relação ao roteiro, às atuações e à técnica. É claro que ainda existem aspectos a serem melhorados, mas é interessante notar que em cada um de seus filmes a Recurso Zero Produções deu um passo a mais em relação à qualidade e à competência em contar histórias que envolvam o público, que pra nós, é quem mais importa nesse processo todo", explica.

Liz Marins, a terceira diretora a participar do bate papo com o público da mostra, exibe o curta-metragem Aparências, sobre uma garota que por causa dos preconceitos que carrega acaba passando por experiências assustadoras. Mas não são apenas filmes de terror que aparecem entre os selecionados pelos curadores. Em Cyberdoom, Igor Simões Alonso transforma sua cidade natal - São Paulo - em um cenário futurista típico de filmes de ficção cientifica e coloca seus habitantes numa guerra civil pelo direito à água.

Outro gênero que aparece entre os filmes é a comédia representada pelo filme Entrei em Pânico ao Saber o que Vocês Fizeram na Sexta-feira 13 do Verão Passado. Nele Felipe Guerra, da pequena cidade de Carlos Barbosa no Rio Grande do Sul, satiriza filmes de serial killers dos anos 90. Já em O Show Variado, Simião Martiniano, de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, parodia os filmes de artes marciais.

Segunda mão dos gêneros cinematográficos
Apesar da variedade, os filmes reunidos na mostra são exemplos de um tipo de cinema bem específico que é pesquisado desde 2006 pelos seus curadores e um grupo de estudos com intelectuais de todo o Brasil. Periodicamente, eles discutem o assunto e promovem debates na Socine (Sociedade de Estudos de Cinema e Audiovisual) e na Compós (Associação de Programas de Pós-Graduação em Comunicação).

"Todas as produções de bordas, embora sejam particulares e diferentes, têm como característica comum o uso feito em segunda mão dos gêneros cinematográficos", explica Bernadette. De acordo com ela, são filmes que usam e abusam, sem nenhum medo ou preconceito, de imagens, narrativas, sons e situações já vistas em outros filmes de horror, de ficção científica, de melodramas, de comédias, de velhas fitas de faroeste. A curadora observa, ainda, que dessas realizações de bordas, nenhuma tem pretensões de ser 'vanguarda' nem 'original'.

"Por isso resultam tão ricas e interessantes: elas fazem um apanhado de tudo que já foi exibido, misturam e mandam ver", diz Bernadette para completar: "Além disso, são um espelho da performance da própria cultura brasileira. O detalhe é que, como os filmes são produzidos nas mais diversas regiões do país, com pessoas de comunidades, usos, histórias e sotaques particularizados de acordo com os lugares em que se realizam, cada uma dessas produções de bordas se torna o exemplar único de uma espécie de 'regionalismo cinematográfico'."

Na abertura do evento para convidados, no dia 20, às 20h, haverá uma palestra com os curadores seguida de sessão do "Programa Especial" com dois filmes que serão exibidos exclusivamente neste dia. Vlad, de Pedro Daldegan de Campinas (SP), em que um garoto depois de ter uma estranha premonição enfrenta um grande perigo. ENinguém Deve Morrer, de Petter Baiestorf, de Palmitos (SC), um faroeste musical com direito a ex-bandido que vira mocinho, uma mulher, um boi de estimação e um grupo de cineastas assassinos de aluguel. Depois da palestra e da exibição dos filmes, aproximadamente às 21h, haverá um coquetel de abertura.

SERVIÇO
Mostra Cinema de Bordas
De 20 a 25 abril de 2010, terça-feira a domingo

Sala Itaú Cultural (247 lugares)
Censura: 14 anos
Entrada franca (ingressos distribuídos com meia hora de antecedência)
Estacionamento com manobrista: R$ 8,00 uma hora; R$ 4,00 a segunda hora; e mais R$ 2,00 p/ hora adicional
Estacionamento gratuito para bicicletas
Acesso para deficientes físicos
Ar condicionado

Itaú Cultural
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FONTE: http://www.itaucultural.org.br/impressao.cfm?release=6794

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