segunda-feira, 5 de agosto de 2013

JOEL CAETANO ESCREVE SOBRE O LIVRO FRANKENSTEIN DE MARY SHELLEY PARA A GAZETA DE ALAGOAS

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Texto na íntegra

Joel Caetano, cineasta “Mesmo lendo bastante, deixamos alguns clássicos para trás, e foi para corrigir um desses lapsos que tirei de minha estante Frankenstein, de Mary Shelley. Motivada por antigos contos de fantasmas e pelo clima hostil do verão de 1816, ela escreveu a história que conta a trajetória do arrogante Victor, um cientista que desafia os limites da ciência e da natureza ao dar vida a um ser tão deformado que jamais teria lugar em nosso intolerante mundo, a não ser entre as sombras. Com total domínio do suspense e drama, Shelley mostra a transformação de uma criatura outrora pura num monstro moldado pela maldade humana. Poucos personagens na literatura conseguem causar tamanha sensação de perigo; é como algo que suprimimos em nosso interior e que aparece de vez em quando ao pé de nossa cama, só para nos mostrar que pode nos dominar quando bem desejar. A sua maldade nos faz lembrar o quanto é tênue a linha entre humanidade e selvageria, e isso assusta. No livro, Victor não é um mero cientista louco e sua criação passa longe do monstro raivoso sem cérebro muitas vezes representado em outras mídias. Ambos são seres complexos que sofrem com o destino que teima em castigá-los com a desgraça, que, por fim, é o que realmente os une. A ambiguidade faz com que acompanhemos a história complacentes, esperando, que algo mude essa condição de derrota e fatalidade, mesmo de criaturas tão vis. Livros como este, com sua pureza e simplicidade, ainda continuarão por muito tempo a nos inspirar, pois são como alicerces de nossa cultura contemporânea. Vale a pena conferir este e outros clássicos e pode ter certeza: o antigo pode revelar novas perspectivas.”

FONTE: http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=227651

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